Metrópoles

Vida nas grandes cidades
Morar numa metrópole no Brasil não é fácil. Problemas com trânsito, violência, transporte coletivo, saúde pública, poucos espaços de lazer, etc.
Estas cidades nos impulsionam, como numa escada rolante, mesmo parados estamos sempre em movimento. Não paramos para pensar nem desfrutar o que está ao redor. Saímos de carro pelas clausuras de nossos condomínios, escolhendo em um aplicativo o melhor trajeto para o dia com menor trânsito, cabeça a mil, pensando na agenda do dia, aborrecimentos que teremos, e-mails, compromissos, mensagens no celular, questões com nossos filhos, etc. Chegamos no trabalho tensos, almoçamos em lugares fechados, voltamos a noite para casa da mesma forma conturbada do início do dia.
Metrópoles voltadas mais para o transporte individual, do que para o convívio pessoal. Os problemas das metrópoles são enormes e parecem que ficarão ainda piores se não mudarmos nossa forma de pensar.
Podemos mudar esta equação, reivindicar e colaborar com atitudes que mudarão tanto a nossa vida como a dos outros para melhor. Pessoalmente não aprecio cidades de calçadas desertas, ausência de pequenos comércios, ciclovias e com poucas praças ou espaços de convívios.
Nos Estados Unidos existem muitas cidades assim, com grandes centros de compras, shopping e hipermercados. Brasília tem um pouco desta característica, tudo é grande espaçoso, nada aconchegante. Já nas cidades da Europa, este cenário é bem diferente. Estamos acostumados a conviver com poucas pessoas e estas normalmente pensam como nós. Até as playlists em nossos aplicativos de músicas sempre oferecendo o mesmo gênero.
Quase tudo ao nosso redor dificulta a diversidade e os relacionamentos. Precisamos nos relacionar com pessoas de estilo de vida e socialmente diferentes, obter uma troca cultural, vivenciar outros tipos de conflitos e colaborar com as soluções. Mas verdade seja dita, é necessário um pouco de coragem, autoconfiança e um certo ímpeto para esta mudança de atitude.
Mas acredito que atitudes simples podem proporcionar uma vida melhor a nós e aos que estão perto de nós.
Quem sabe poderíamos utilizar mais o transporte público ou então dar mais caronas, encontrar pessoas em nosso trabalho ou em nosso condomínio que fazem trajetos semelhantes. Uma ótima oportunidade para diminuir o trânsito e conhecer pessoas diferentes e outras formas de pensar.
Se possível, andar mais de bicicleta pelas ruas, seja ir ao trabalho, supermercado ou simplesmente dar um passeio. Sem trânsito, sem poluição e sem estacionamento. Saudável e revigorante.
No escritório um grupo de colegas vem andando para o trabalho, que privilégio para a saúde. andar mais a pé pelo bairro, prestigiar os pequenos comércios, observar detalhes das ruas. Cumprimentar seu vizinho, nem que seja apenas um aceno, e quem sabe ter o privilégio de poder ajudar alguém atravessar a rua.
Tem uma praça no bairro, certamente ela é malcuidada, poderíamos mudar isso com outras pessoas interessadas. Ser voluntário por algumas horas que seja numa creche ou num albergue.
Talvez à volta a simplicidade e aos espaços públicos nos devolva a saúde, as emoções e as boas reivindicações.
O que mais me assunta é pensar que o que digo é algo anormal, que o êxodo e a solidão é a coisa mais segura e saudável para nós.
Autor: Marcelo C. Mahtuk
Commentário (1)